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Hidrografia e Geologia

Parque Cinturão Verde de Cianorte

 

Hidrografia

O PCVC localiza-se em porção interfluvial entre os ribeirões Coruja, Manduhy, Guassupé, e Cristalina sendo estes afluentes do ribeirão Catingueiro que vem a desaguar no rio Ligeiro na porção leste do município. A Oeste encontra-se o córrego São Tomé, que faz parte do sistema do rio do Índio. 


Na área urbana as cotas de altitude mais altas estão situadas na Praça Olímpica (575 m); no Pátio Ferroviário (580); no Bosque da Igreja Matriz (580 m) e nas proximidades do Lar dos Velhinhos (575 m). Partindo desses pontos, a declividade é suave, com inclinações de até 10% em direção aos córregos e ribeirões. Próximo dos  talvegues, a declividade supera 20% margeando os cursos d’água. Nestes pontos, as altitudes atingem 500 m. 


Estas situações de inclinação nos fundos dos vales aliada aos desmatamentos foram propícias ao aparecimento de processos erosivos. 


Por esta condição, a área apresenta grande número de nascentes, associadas às condições de relevo e geologia que facilita a percolação de água e seu afloramento em porções onde o relevo permite.


A maioria dos canais de drenagem encontra-se, atualmente, encaixados em grandes voçorocas correndo, em alguns pontos, sobre o leito rochoso do arenito Caiuá, porção exclusiva ao parque perfaz um total de 6.592 m para o módulo Fantasminha,1.221 m no módulo Perobas, 1.020 m para o módulo Cristalino, 4.068 m no módulo Manduhy e apenas 434 m para o módulo Corujinha, num total de 13.335 m lineares de rede de drenagem, contando-se com os canais principais e tributários.


O módulo com presença de drenagem com menor ordem de tributários foi o Corujinha, apresentando apenas o canal principal. Já para o módulo Manduhy, o mesmo apresenta canais de 3a ordem. Por isso que, apesar de pequeno, o comprimento total de canais é maior que os três outros em conjunto.


Grande parte dos canais de drenagem apresenta característica temporária, ou seja, o seu preenchimento com água ocorre apenas durante os períodos chuvosos, estando secos durante os períodos de estiagem.


O volume de água nos canais de drenagem é variável, uma vez que os mesmos são, atualmente, pontos de recebimento das águas pluviais que são carreadas para os fundos de vale por meio de tubulações.


Por apresentarem diferença de cota elevada entre suas nascentes e a foz, os canais de drenagem dentro do PCVC não apresentam lagos ou lagoas. Quando no máximo há ocorrência de pequenas poças ou represamento natural que não chega a constituir num sistema lêntico ou mesmo lótico (Figura 3.38). Portanto, a presença de ictiofauna é rara ou inexistente. Mesmo assim, foi possível, em pequenas bacias, observar a presença de alevinos que sobem pelo fluxo da corrente ou eclodem de ovas postas.

Parque Cinturão Verde de Cianorte

 

Geologia

Geologia - Base Rochosa

O embasamento geológico regional encontra-se numa zona de transição, e, a maior porção do município está sob domínio do arenito da Formação Caiuá do Cretáceo Superior e uma menor porção encontra-se sob o domínio das rochas eruptivas básicas do derrame do Trapp, o basalto da Formação Serra Geral da Era Mesozoica e pequenas áreas constituídas por sedimentos da Era Cenozoica do período Quaternário.

 

Pedologia - solos


De acordo com o de Levantamento e Reconhecimento dos Solos do Estado do Paraná Brasil (1981), com as devidas atualizações da classificação brasileira de solos EMBRAPA (2005), as unidades pedológicas predominantes no município são: Latossolo Vermelho (LE), Argissolo Vermelho Amarelo (PV) e o Argissolo Vermelho Amarelo Abrúpto (PE) e Neossolo Quartzarênico, todos originados a partir da alteração do arenito da formação Caiuá. Esses solos apresentam textura que varia de média a arenosa. A principal classe de solo formado a partir da intemperização do basalto é o Nitossolo Vermelho (TR) que apresenta textura argilosa a muito argilosa.


O Argissolo Vermelho-Amarelo são caracterizados como solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte B textural, com sequência de horizontes A-Bt-C ou A-E-Bt e C. A característica determinante nesta classe de solos é a presença de um horizonte diagnóstico B textural, que se diferencia do A ou E pela cor e textura. Nesse horizonte Bt, ocorre acúmulo de argila, em relação ao A. A textura extremamente arenosa da camada superficial, aliada aos valores muito baixos de matéria orgânica e a alta porcentagem de argila dispersa em água são algumas das características das causas da grande suscetibilidade desses solos à erosão.


Com a ocorrência de chuvas intensas, a água penetra rapidamente no horizonte A e E e muito mais lentamente no horizonte Bt, ocasionando acúmulo de água no topo deste horizonte. Parte desta água acumulada escorre lateralmente, facilitada pela declividade do terreno que varia de 8 a 20%. Quando todo o A fica saturado de água, o excesso tende a
escoar sobre a superfície. Assim, tanto o escoamento superficial, como o subsuperficial são causadores de erosão, a qual será tanto mais intensa quanto mais arenosa for a parte superficial do solo em relação à subsuperficial, quanto mais solta estiverem as partículas desta camada; quanto menor for o teor de matéria orgânica e menos recoberta estiver a superfície como ocorre na área onde foi construída a represa.


Outro fator agravante é a transição abrupta entre os horizontes A ou E e o Bt, que torna esses solos ainda mais suscetíveis à erosão como ocorre na área impactada. Os Latossolos Vermelhos formados a partir da alteração do Arenito Caiuá, ocorrem geralmente nas partes mais altas e planas da paisagem, com relevo variando de plano a
suave ondulado.


Esses solos são muito profundos, de sequência de horizonte A, B e C, sendo muito porosos e permeáveis e acentuadamente a bem drenados, apresentando textura areia ou areia franca ou franco arenosa no horizonte A e franco arenosa no B.


Apresentam grande capacidade de infiltração d’água superficial, graças à textura e ao grande volume de poros (em torno de 50%, em geral) e do tamanho desses poros. São portanto, solos com pouca suscetibilidade natural à erosão, escorregamentos etc.


A estrutura é fracamente desenvolvida, sendo do tipo granular, com presença de grão simples no horizonte A e fraca muito pequena granular com aspecto de maciça porosa no horizonte B. A consistência tanto no horizonte A como no B é macia quando seco, muito friável quando úmido e com o solo molhado varia de não-plástico e não-pegajoso no A, a
ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa no B.


Os principais problemas geotécnicos desses solos advêm de uso inadequado, provocando a concentração de água em grandes volumes no solo. Se atingida a saturação total, os Latossolos perdem a estrutura e sofrem colapso, provocando abatimento no terreno.
Os Neossolos Quartzarênicos distinguem-se dos demais principalmente pela coloração esbranquiçada ou amarelada, pela ausência de estrutura e pela textura arenosa (geralmente com mais de 95% de areia). Apresenta uma sequência de horizonte A e C.


São desenvolvidos a partir de alterações ocorridas em material arenoso, de origem colúvioaluvial e são encontrados normalmente próximo das margens dos rios com declividades variando de 0 a 5% geralmente. Nestas porções onde as florestas são retiradas, o processo erosivo por desmoronamento é constante e contínuo, aumentando o ravinamento e a
abertura de grandes áreas dentro da mata, contendo elevado grau de degradação do ambiente.


O horizonte A apresenta textura arenosa, estrutura fraca pequena granular e grãos simples, consistência solta, não plástica e não pegajosa.
O horizonte C, geralmente, possui estrutura maciça pouco coerente e a consistência é, praticamente, a mesma do horizonte A.
São quimicamente muito pobres em nutrientes, possuem teores muito baixos de matéria orgânica, e argila, isto faz com que estes solos sejam considerados críticos no que se refere à erosão.


O que pode ser observado em algumas topossequências é a presença dos Latossolos  Vermelhos na porção mais elevada do terreno, passando a Argissolos Vermelhos-Amarelos na porção de terço inferior da encosta e, próximo aos canais de drenagem o aparecimento dos Neossolos Quartzarênicos órticos.


O Nitossolo Vermelho possui coloração avermelhada, é profundo, poroso e bem drenado. Possui horizonte B nítico (reluzente), textura argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos subangulares, angulares ou prismática moderada ou forte, com superfície dos agregados reluzentes, relacionadas à cerosidade.


São solos naturalmente estáveis e pouco suscetíveis à erosão principalmente quando encontrados em relevo plano a suave ondulado, como em Cianorte.
Esses solos são muito férteis, possui elevada saturação de bases ao longo do perfil o que lhe confere o caráter eutrófico, teores nulos de alumínio trocável e consequentemente nula saturação por alumínio, elevada soma de bases.


Levantamentos realizados, em áreas de cobertura pedológica proveniente de arenitos da Formação Caiuá, observaram teores de 410 g kg-1 de areia fina e 430 g kg-1 de areia grossa.
Na área estudada, os teores de 94 pontos amostrados em superfície e subsuperfície revelaram a presença de grande concentração de areia total (Tabela 2.01), tendo os valores máximos de 980 g kg-1 de areia e os teores médios alcançaram valores de 810 g kg-1 com baixo coeficiente de variação (9,2%).


No entanto, vale ressaltar que, do ponto de vista pedológico, a sobreposição e retrabalhamento do arenito ao basalto pode condicionar o aparecimento de coberturas pedológicas com diferença em sua textura.


Tal fato acarreta diferentes potenciais de infiltração de água no sistema pedológico para gerar gradientes que podem favorecer a erosão, principalmente em relevo suave ondulado a ondulado onde ocorre o processo de formação de sulcos que pode evoluir para ravinas e voçorocas.

Geomorfologia - Formação da Paisagem


Segundo Maack (1968), os principais traços morfoestruturais do Estado do Paraná inserem o município de Cianorte no Terceiro Planalto Paranaense, mais precisamente no compartimento geomorfológico denominado Planalto de Apucarana, entre os rios Ivaí e Piquiri (Figura 2.12). A cidade de Cianorte, onde se encontra o Parque Cinturão Verde, está presente em posição interfluvial entre os rios Ligeiro e do Índio no sentido leste oeste.
A maior parte da área está caracterizada por relevo suave ondulado a plano, com variação de altitude entre 280 a 540 m do fundo de vale até o topo do espigão (Paraná, 1987).


GIMENEZ FILHO et al. (1983) descrevem que na região onde se encontra a área de estudos, a paisagem é representada pela ocorrência de relevo de colinas amplas de pequena amplitude com perfil retilíneo e convexo contínuo e topos extensos aplainados. As rampas são longas e de pequena declividade, apresentando, apenas próximo aos canais de
drenagem, inclinação mais acentuada.


Clima


O clima que predomina na região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cfa, subtropical úmido mesotérmico, caracterizado por apresentar verões quentes e geadas pouco frequentes, com tendência à concentração das chuvas nos meses de verão, sem estação seca definida (Figura 2.14). A temperatura média anual está entre 21 e 22ºC, e o mês mais quente (fevereiro) apresenta temperatura entre 24 a 25ºC e no mês mais frio (julho), a temperatura varia de 17 a 18ºC (IAPAR, 2008).


A precipitação média anual segundo Iapar (2008), varia de 1.200 a 1.400 mm, sendo o trimestre mais chuvoso, dezembro, janeiro e fevereiro Figura 2.16. A umidade relativa do ar, para a região oscila entre 65% e 75% e a evaporação potencial anual entre 1.000 e 1.200 mm anuais.

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