DILEMAS E SOLUÇÕES NA ARBORIZAÇÃO URBANA
Benefícios
Abordando o natural com o social e o artificial, agora, o termo Sustentabilidade se torna importante peça de desenvolvimento, devido ao exponencial crescimento que as questões ambientais alcançaram nestes últimos anos. O foco é o desenvolvimento...
Por outro lado, a consciência de que conservar é indispensável se ofusca frente ao grande desconforto e custos que essa atitude nos obriga passar.
Conservar é manter intactos recursos naturais que têm grande importância para a humanidade e biota em geral, ou sistemas cujos recursos ainda não são conhecidos. Assim, conservar se torna explorar áreas naturais a fim de evitar desperdícios, perdas de fontes de recursos e oportunidades futuras, seja pela extração ou pesquisa.
Tratando-se da análise de uma área urbana, os homens, mulheres, animais, aves, etc. mais gramíneas, flores, árvores... são elementos que ocupam um mesmo espaço, com regime pluviométrico, pedológico, termal e de demais características como fluxo de fauna, predação e mutualismo. Logo um espaço urbano, marcado pela alta densidade demográfica e justaposição de diferentes e inumeráveis tipos de uso do solo, também é um ecossistema. Diferente de todos, mas um ecossistema urbano.
Em um ecossistema urbano, os mais fáceis indivíduos de se identificar são os homens e as árvores. Quanto aos homens, uma abordagem mais sociológica pode contribuir para maiores conhecimentos. Mas quanto as árvores, objeto deste texto, verifiquemos suas características que agrupadas constituem a arborização urbana. Por isso, segue alguns benefícios da Arborização Urbana:
1 - Entende-se por arborização urbana o “conjunto de terras públicas e privadas com vegetação predominantemente arbórea que uma cidade apresenta.” (Grey & Deneke – 1978).
2 - Arborização urbana também pode ser de acompanhamento viário que são as árvores dispostas em calçadas ou canteiros centrais, rotatórias e trevos de conversão de vias públicas (Cavalhiero, F. - 1994).
3 - Sozinha uma árvore não faz muito efeito, mas causa mudanças, principalmente nas paisagens. Contudo, quando várias árvores estão agrupadas, como em bosques ou florestas, ganham importante destaque.
4 - Trezentos metros de floresta barram em até 90% os odores.
5 - Barreiras densas, com mais de cem metros de espessura, possibilitam atenuação de ruídos na ordem de oito a vinte decibéis. (Szokolay, 1980).
6 - Faixas de florestas com mais de cem metros de espessura, atrasam e reduzem a intensidade dos ventos e podem evitar geadas.
7 - Durante doze horas por dia, oxigênio é emitido pelas árvores à atmosfera.
8 - Durante vinte e quatro horas diárias, gás carbônico é retirado da atmosfera pela fotossíntese e crescimento das árvores.
9 - Uma árvore adulta, de porte grande, quando com disponibilidade de água, ventos e ar seco, pode liberar até quatrocentos litros de água por dia pela evapotranspiração (Kramer & Kozlowski – 1970), isso ameniza as temperaturas, eleva a umidade do ar e a sensação de bem-estar da população.
Isso quando analisando florestas. Embora abordando uma árvore apenas, os benefícios sejam menores, porém perceptíveis mesmo assim. Isto é,
10 - são nas árvores que pássaros constroem seus ninhos e criam seus filhotes.
11 - São nas árvores que ocorrem as epífitas e o mutualismo entre plantas e fungos.
12 - São das árvores os frutos, folhas, brotos e galhos que fazem parte da cadeia alimentar da fauna silvestre.
Quanto a variação de temperatura, em um dia ensolarado, um carro estacionado com os vidros abertos durante uma hora sob a insolação (das 10 às 11horas), a temperatura interna do veículo chegou a 42ºC. O outro carro do mesmo modelo, neste mesmo dia ensolarado, estacionado sob a sombra de uma árvore, não ultrapassou 29,5ºC sua temperatura interna. Destaca-se que que as medições foram realizadas no verão de 2006-2007.
13 - Pode-se concluir que uma árvore com sua sombra, pode reduzir em média até 30% a temperatura de um ambiente.
14 - Árvores de copa rala interceptam de 60 a 80% da radiação direta incidente, segundo Phillips & Heiser (1974).
15 - Árvores de copa densa e espessa interceptam até 98% da radiação direta.
A experiência também avaliou dias chuvosos e constatou-se que uma precipitação de oito milímetros (oito litros de água por metro quadrado), registrados por um pluviômetro durante três horas em fevereiro de 2007, em área aberta. Destes somente seis milímetros foram colhidos sob uma árvores a 1,5metro do solo.
16 - Logo, as folhas, galhos e troncos de uma árvore podem reduzir em 25% a quantidade de precipitação que atinge o solo diretamente pela absorção e escoamento pelos membros da árvore. Ainda não se tem medidas exatas devido falta de equipamento específico, contudo, diariamente, pode-se observar claramente que
17 - Árvores reduzem a velocidade dos ventos devido suas copas, densidade de galhos e folhas. Este freamento pode variar de acordo com as características das árvores como tamanho e forma da copa, tamanho e forma das folhas, altura da árvore e área de sombreamento.
18 - Parques podem reter até 85% das partículas, segundo Bernatzky (1982) , enquanto
19 - Ruas bem arborizadas retêm até 70% da poeira em suspensão.
20 - Áreas urbanas, com um índice de arborização menor que 5% determinam características semelhantes as de um deserto. O mínimo que se recomenda é de 30% de índice de arborização em espaços urbanos (Oke, 1973).
21 – Florestas tem menos germes que área Urbana como Lapoix (1979) cita um experimento feito na floresta de Fontainnebleau, França, que quantificou a presença de cinqüenta germes por metro quadrado de ar, contra quatro milhões de germes por metro quadrado de ar em uma grande loja parisiense.
22 - E uma barreira com cerca de trinta metros de espessura, colocada entre uma área industrial e uma residencial, promove uma interceptação total de poeiras e uma redução significativa na concentração de poluentes gasosos.
23 - Uma única linha de árvores podem reduzir em até 25% a concentração de materiais particulados (Wood D. A. 1979).
24 - Uma árvore de grande porte pode retirar uma tonelada de dióxido de carbono da atmosfera a cada setenta e cinco anos. Isso resulta em 13,3Kg (treze quilos e trezentos gramas) por ano; 36,5 gramas por dia; 1,5 gramas por hora; 25 miligramas por minuto.
A quantidade surpreende, mas estes valores correspondem as matérias eliminadas pelas árvores como nas trocas de folhas, floração, frutos, crescimento e alargamento de caule, galhos e raízes. Destaca-se que uma tonelada de fuligem é liberada a cada 3,3 hectares (trinta e três mil metros quadrados) de cana-de-açúcar queimados.
Então, para que cortar Árvores?
Devemos é Plantar!
E o que plantar? Nativas!
De acordo com a tabela a seguir, pode-se realizar um planejamento paisagístico de ruas, bairros e zonas de uma cidade de acordo com a época de floração e cor das flores de espécies arbóreas mais comuns. Isto é, cada árvore tem uma cor de flores e um período do ano em que realiza sua florada, assim, pode-se plantar duas ou mais espécies em um determinado local e assim deixar o ambiente sempre florido, pois as floradas podem ser intercaladas ocorrendo uma em cada período do ano.
Recomenda-se o uso de ao menos três espécies de árvores por rua, assim a biodiversidade é maior, as floradas certamente serão em períodos diferentes proporcionando um valor paisagístico maior. Em caso de pragas ou doenças as chances de perda da arborização são menores devido ao maior número de espécies onde uma certamente é mais resistente que outra.
Se buscamos benefícios como umidade do ar equilibrada, ventos com velocidades reduzidas, sombreamentos, purificação do ar pela captura de gás carbônico, liberação de oxigênio e redução dos impactos das chuvas, devemos preservar e ampliar as florestas urbanas, ou seja, a Arborização Urbana é que traz benefícios! … não sua ausência.
@profsta #profsta
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